O menino que cura
Em uma cidade tranquila do interior vivia uma
família humilde, o pai trabalhava no sitio, a mãe era costureira, tinham dois
filhos. Ali a família era conhecida como “aleijada”, pois o filho mais velho,
Paulo, não tinha um pé. Toda vez que eles passavam na rua gritavam: “olha a família
do aleijado”. O garoto já estava cansado do apelido, ele esperou a família
dormir, pegou a muleta em silêncio se dirigiu para fora de casa. O céu estava
lindo naquela noite, Paulo se sentou debaixo de uma jabuticabeira, fechou os
olhos e pediu.
-
Me de poderes para ajudar os outros.
Naquela
hora cai uma jabuticaba na sua cabeça, ele olha para cima e vê a Lua, pensou
consigo mesmo,
-
Que rápido.
Aparentemente
tudo normal. Paulo se levanta vai até a casinha do cachorro para conferir se
ele estava bem, pois o mesmo havia se machucado a pata no dia anterior. O
garoto voltou para cama, sonhou com o universo.
Pela
manhã como de costume o garoto acompanha o pai até a panificadora. Chegando lá enquanto
o pai estava na fila para comprar o pão, Paulo vê uma senhora tomando café e chorando de dor, ela nunca havia visto o
garoto, ele vai até a mulher sem falar nada, pega na sua mão fria, por alguns
minutos, ela olha para o garoto e diz:
-
Muito obrigada.
-
De nada. – Disse ele, não entendendo porque
a mulher o agradeceu.
No
caminho para casa vê uma mulher com a filha no colo, ela estava levando a filha
ao medico. O garoto atravessa a rua, e pede para a mulher o que a menina tem. A
mulher fica assustada, pois a menina não estava chorado no momento, Paulo pede
se pode por a mão na menina.
-
Pode sim. – Respondeu a mulher, sem entender nada.
Então
Paulo se aproximou da bebe, colocou sua mão na orelha da menina, por alguns
minutos. A criança sorriu para ele, a mãe contou que a filha nunca tinha
sorrido para outra criança.
-
Ela vai ficar bem, – disse Paulo – mas leve ao medico mesmo assim.
A
mulher seguiu o caminho dela, e pai e filho voltaram para casa.
Após
o almoço, o irmão foi levar comida para seu cachorro e viu que a ferida da pata
não estava mais, ele chamo Paulo.
-
Irmão, irmão venha aqui, rápido. O Tobi está curado, venha.
Paulo
foi conferir para ver se era verdade. Realmente era verdade. De repente Paulo
se lembrou, da mulher na panificadora, da menina que encontrou na rua, tudo
fazia sentido, o sonho com o universo, a jabuticaba caindo em sua cabeça e o pedido
que ele fez. Paulo tinha que encontrar com a senhora da panificadora no dia
seguinte para confirmar se realmente ele tinha ganhado o dom da jabuticaba.
Naquela noite, Paulo viu na palma da mão tudo que ele tinha passado durante o
dia, como um filme.
Amanheceu
Paulo estava ansioso para acompanhar o pai até a panificadora. Chegando lá, a
senhora o esperava, ela se aproximou do garoto não perguntou o seu nome, pegou na
mão e o levou para a calçada e gritou o mais alto possível
-
Olhem esse garoto, ele me curou.
No
momento estava passando a mulher com a filha, ela foi no lado da senhora.
-
Verdade, ele curou minha filha. Ela estava com dor de ouvido. Eu levei ela no medico e ele disse que ela não tinha nada.
A
partir desse dia a família do Paulo ficou conhecida como, “o menino que cura”.
(Marcio S.P
Taniguti)
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O bebê
macaco
Na
calada da noite, a jovem mulher estava para ser mãe. “Oh, meu Deus”. Esse
espanto da mulher era normal, se o bebê não fosse um animal. O bebê é um
macaco. Sim, meus leitores, é macaco. O pai não ficou assustado, pois na sua
família a cada cinco gerações nasce um animal. Pois já tinha nascido: cachorro,
bezerro, leão, foca e agora ele macaco. Sabiam que tinha mais dois animais para
nascer na família.
O
pai do bebê liga para sua mãe.
- Alô, mãe. Nasceu!
- Parabéns, meu filho, qual animal?
A mãe do rapaz não sabia qual era o
animal, que iria nascer depois da foca.
- É um lindo macaquinho, mãe.
As enfermeiras e os médicos não
acreditavam naquilo que estavam vendo. O médico já tinha ouvido falar, mais
pensou que era lenda, mas não. O pai bateu no ombro do doutor e disse:
- Obrigado por fazer o parto da
minha esposa – disse como se fosse natural.
- Mais é um macaco. Não é normal - disse
o medico com a voz de espanto. – Os meus colegas já tinham me falado, mais eu
não acreditei. Tem explicação?
Eles saíram da sala de cirurgia e
foram tomar um café.
- Quer saber mesmo?
- Sim.
O pai que não tinha colocado nada na
boca desde ontem, olhou aquele café preto na xícara branca, deu o primeiro gole
e tirou os óculos para enxugar as lagrimas de felicidades.
- Bem, minha família por parte de
mãe, teve uma maldição, chamado de “bebe normal”.
- Normal!
- Sei que é louco, mas é verdade. Há
cinco gerações que esse milagre está na minha família. Esse milagre pula de
geração, a minha avó por parte de mãe teve um irmão bezerro. Minha mãe não teve
filho animal, eu tive a honra de ter um macaquinho.
O médico ficou espantado com a forma
do homem de falar, tão natural que o Doutor deu os parabéns. Eles foram ao quarto
que a esposa e o bebê estavam.
- Oi, meu amor como você está?
-
Bem, meu amor. Veja só o nosso filho, que lindo.
O Doutor passou a mão no macaquinho
e falou.
-
Realmente um anjo, está de parabéns. Vou deixar vocês a sós – falou o médico.
- Então meu amor. Como vamos chamá-lo.
– Disse a mãe.
- Qual é o nome daquele poeta que
escreveu: “Não sei por que eu vim assim/Nessa
vida/Estou procurando entender/Mas sou feliz/Assim como eu sou”.
- Não é, Marcio
Taniguti?
- Marcio.
- Porque, meu amor?
- Como diz o poema, “Não
sei por que eu vim assim/Nessa vida”. Pode ser, meu bem?
- Sim. Que romântico,
meu amor.
(Marcio S.P
Taniguti)