sábado, 30 de abril de 2016

O Poeta

Crônica, primeira parte.

Mais uma vez o inverno chega, ele está tão só como um grão solitário de sal no meio da montanha de açúcar. Grão, vou chamá-lo de Grão. Mas Grão não está tão só assim, no coração dele há Deus/Oxalá e há esperança no meio daquela montanha doce. Não há tristeza em seu rosto nem no vazio do seu olhar, um poeta já escreveu: “Os poetas não são imortais/São apenas simples homens/Que fazem a vida sorrir.”. O moço/Grão também escreve versos, mas ele não se considera “o poeta”. A vida dele, não é como a sua, meu caro leitor, ou é? A vida do Grão é normal, mas nem tudo, você vai descobrir ao longo do texto. Para ele a vida não é só essa, vai muito além. O Grão tem uma frase que traduz: “Você pode até não se lembrar do que você escolheu para viver nessa vida, mas acredite o que você está passando ou vai passar foi a tua escolha”. O Grão não acredita no acaso, para ele o livre arbítrio não é tão livre assim. O poeta de 27 anos é livre, mas não pode ir aos lugares onde deseja ir só. Livre, só em pensamento. Mas sempre que quer ir a algum lugar, tem que ir acompanhado. Você deve estar pensando, que chato! Também acho, mas se pararmos para pensar no final da frase dele, o poeta tem razão, “... foi a tua escolha”, o Grão não abaixa a cabeça tão fácil, quando ele quer, algo vai até seu o limite, se não consegue não se lamenta. Já descobriu de quem estou falando? Ele gosta de admirar a Lua, se pudesse ficar a noite inteira olhando a Lua, ele ficava. O poeta acredita no amor eterno e não em alma gêmea, ele diz que: “se for gêmea é a tua própria alma”. Será? Como já dizia a famosa frase de Philipe Sotteb: “De poeta e louco todo mundo tem um pouco, afinal... na real... não faz muita diferença.”. Afinal o Grão é poeta, então ele é louco. Já peguei o moço falando sozinho, será que fala com os Guias? Como vou saber? Nunca perguntei. O Grão tem esperança que, ao fim desse inverno, encontre seu eterno amor no meio daquela montanha de açúcar. Depois de longo tempo, ele aprendeu que tudo tem sua hora certa e ninguém fica sozinho nessa vida. Em seu coração a fé e a esperança nunca vão acabar. Chega, vou revelar quem é o Grão solitário. Ele não anda, se locomove através de rodas, cadeira de rodas, não gosta da palavra coitado, não acredita em macumba, é simpático, tem dois livros lançados e tem paralisia cerebral, copiando o nome da musica do rei Roberto Carlos, esse cara sou eu. Ou melhor, esse Grão sou eu. Por fim um trecho da musica do O Teatro Mágico, que pode ou não ajudar entender esse texto.

... Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro sorriso
E o meu paraíso é onde estou
Eu não sei... na verdade quem eu sou


(Marcio S.P Taniguti)