O
inverno já terminou. E o Grão? Achou seu eterno amor? Vamos descobrir ao longo
do texto. Começo a crônica com essa porcaria de frase que fiz, “o inverno não é
inverno, se fosse inverno estaria nu”. O que significa? Não sei. Poético? Acho
que não. “O vazio é sua solidão, que talvez você vá viver ou está vivendo”.
-
Mais uma frase louca como essa e vou parar de ler; se continuar escrevendo essas
porcarias, vou me separar de você.
-
Está bem, meu amor. Eu vivo na solidão mesmo. Eterna solidão.
O
Grão por um momento pensou que acharia seu eterno amor, mas não. Foi apenas uma
paixão de inverno, que acaba com o aparecimento da primeira folha da primavera.
O Grão vai ter que passar todo o verão naquela doce montanha, que chato! “Foi a
minha escolha”. O inverno e a primavera já passaram, o verão está insuportável
nesse quarto/pote, tomara que passe alguém e derrube esse maldito pote. Alguém
quem? Um cachorro, um gato ou uma moça nua, aquela a quem eu abri meu coração e
não tive resposta. Sei lá. Já estou cansado de escrever versos, não tenho mais
27 anos, hoje tenho 30, minha memória não é a mesma de 10 anos atrás. Já está
na hora de parar com os versos? Acho que não. Lembro-me da primeira poesia que fiz
em 2009, bela. Bela é a moça do cabelo longo, como o trecho da musica da banda Pull
Down diz, “linda como sempre sonhei”. Tão linda que o poeta pode morrer que vai
se lembrar dela no céu. Mas ninguém derrubou o pote ainda, ele não pode ver a
cor do sol, como o poeta escreveu nesse trecho da sua mera poesia, “talvez um
dia vá ver o sol/Nascer entre as montanhas/Ver de que cor é o céu...”. Talvez a mesma moça que não gostou das frases
volte, e seja o seu eterno amor. O vento pode voltar, assim como a moça pode
ficar nua para ele, por que não? Lá fora a chuva cai naquela terra seca, o
cheiro do pó invade o pote, fazendo com que o poeta adormeça naquela doce
montanha. Já amanheceu, ouço passos na cozinha, a senhora coloca água no bule. A
água começa a ferver, ela pega o pote de café que está do meu lado, ouço gritos
de socorro. Não posso fazer nada, pois estou preso. Só posso rezar. Então rézo.
Está chegando minha vez, fico com medo da colher. Será que chegou minha vez de
ver o estômago do homem por dentro? Não quero morrer agora. Agora que achei meu
amor, não posso morrer, quero ter filhos com ela. Ufa, tudo não passou de um
pesadelo. Ele está com a esperança renovada de um dia poder viver fora do pote
e parar de ter medo da colher.
(Marcio S.P
Taniguti)